
1.
Não creias
palavras mascaradas de azedumes
esquece as afeições dos maus momentos
sou um exaltado
por isso me fiz poeta
das noites vagas de luz
e de ti
acredita apenas que te amo
- pois que outro sentimento
podes de mim ambicionar
adorado pequeno perguntador
de olhos azuis encharcados em ternura –
(ou julgas que não vejo?)
acredita apenas que te amo
querido e maravilhoso ser
tão aparentemente frágil
e tão robusto de vontade
hei-de ver-te um dia próximo
na verdadeira dimensão do espírito
porque saberás crescer
para novos deslumbramentos
livre e feliz
meu esplêndido companheiro
2.
Tenho a certeza
que proximamente despertarás
para o mundo das opções grandiosas
serás poeta
passarás incólume
sobre as importantíssimas vulgaridades
dos fantoches concordantes
construirás degraus
duma imaginária e reconfortante esperança
ressurgirás ânimos de valentia
contra impérios ou sórdidos decretos
e serás digno de nossa mãe
a grande Poesia Social
para ti
portas abertas para outro dia
para ti
tua grandiosa companhia
o céu
o tempo
o mar
Sto. António Caparica, Setembro 1972
Adorava ter poemas assim escritos por um Pai! Beijocas xox
ResponderEliminarAma-te!
ResponderEliminarAmor fraterno...
ResponderEliminarQue belo perdão que assim se pede (se preciso fosse, não é?) e que declaração de amor tão sem equívocos.
ResponderEliminarA distância que sempre tive da tua vida, impede-me e bem, de lhe conhecer as minudências mesquinhas (vulgaridades) que, por certo existiram, e assim, assino por baixo no que respeita à sua premonição quanto ao teu carácter e forma de exerceres a tua arte.
Quase que me atreveria a dizer que este poema se poderá ter tornado um guia, não? Bela forma de se educar.
Alexandra Pereira
Obrigado Xana!
ResponderEliminarSei que estás a passar um momento difícil.
Desejo-te o melhor para a tua vida.
Beijos