sexta-feira, 26 de junho de 2009

NÃO

Este silêncio inusitado
cujas raízes sujas nos perfuram
não o expulsemos da nossa convivência
não
que um incrível monstro mutilado
virá esmagar a fronte dos que juram
envoltos pelo véu da prepotência
serão
as árvores e os vidros, frente a frente
mudas testemunhas da cidade
saciada pelo ódio satisfeito
rirão
em cada folha sorrirá um dente
o vítreo gargalhar da cumplicidade
como quem diz: - bem feito!
verão
a lua e as estrelas, lado a lado
e o incrível monstro ofuscarão
da claridade farão clarividência
não
este silêncio inusitado
cujas raízes sujas nos perfuram
não o expulsemos da nossa convivência

Lisboa, Dezembro 1964

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