terça-feira, 30 de junho de 2009

ASSUNTO NOSSO

Que podem esses intrusos
suspeitos sermões clericais
ou bazucas dos cotim-generais
contra castelos da tua Poesia
se com ela destapas obesos abusos
e revives repleto na mais
imcomparavelmente doce companhia
que nos furtou também à monotonia
de vagos optimismos vegetais?

Para quê tantos cínicos vernizes
em severos comentários obtusos
afectos aos vaguíssimos lusos
peninsulares países
se as soberbas bebedeiras temporais
volteiam como imensos parafusos
que embriagam sentenças ou juízes
e se este universo dos tormentos imortais
onde fervilham maldições banais
tatua no papel as cicatrizes
de vinganças sobrenaturais?

Lisboa, Maio 1972

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