
rescende a tabaco
desagua na veia pelo sexo da artéria
A minha poesia descreve-se em círculos
evapora-se em cansaço
dilui-se no húmus da Ibéria
A minha poesia aprofunda indícios
a poesia que despedaço
mergulha na imensidão térrea
A minha poesia devora martírios
fermenta ventres de Baco
desemboca nas trevas da anti-matéria
A minha poesia arde como círios
ateia fogos de calor batráquio
ferve nos sóis da perdição etérea
A minha poesia abisma precipícios
enche-me dum sólido vácuo
afunda-me no centro da doçura acérrima
A minha poesia é o fruto deste exílio
violento
impessoal
e tranquilo
cumprido na masmorra-domicílio
Tercena, Setembro 1981
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