terça-feira, 30 de junho de 2009

PRECE DA MINHA NOITE

Mais pragas lhe deito
mais raivas me esqueço
estendo-me no leito
arrefeço
volto-me do avesso
se não me sirvo de lençol
pareço
renego o seu dó bemol
escarneço
fico tranquilo e infeliz
embora um tudo-nada satisfeito
com o lívido sol
do meu ídolo de gesso
ofendo-o e peço bis
viro-lhe as costas com todo o respeito
agradeço
o mal que me fiz
as honras que lhe tenho feito
e adormeço

Lisboa, Maio 1972

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