quinta-feira, 25 de junho de 2009

ISTO

O que não devemos perdoar
são estes dias sem sentido
estas horas vazias de projectos
estes meses de trinta nadas

o que não devemos perdoar
são estas euforias prostituídas
estas nevroses domésticas
estas vidas copiadas

o que não devemos perdoar
são estas doses de péssimas intenções
estas caganeiras das inteligências
estas publicidades patrióticas

o que não devemos perdoar
são estes sorrisos facínoras
estas alianças repugnantes
estas penumbras centenárias
estas tácticas homocidas

e denunciadas pelos deuses condenáveis

O que não devemos perdoar

Tercena, Setembro 1977

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